Ao terminar de assistir ao Incrível Hulk, algumas idéia ficaram um tanto confusas em minha mente. Como um filme que, explorado tão racionalmente, pode ganhar tamanha viceralidade? Esse foi o caso do primeiro filme sobre o herói. Racional, buscando uma tematização e desenvolvimento de um estilo denso, Ang Lee fez do primeiro Hulk um filme reflexivo a cerca de seu personagem e situação, mas ao mesmo tempo conseguindo desenvolver momentos bastante emocionais, mesmo que atípicos para esse tipo de produção. Já em O Incrível Hulk, somos levados a sentir mais o filme que pensar a cerca deste, igualando a série a outras como Homem Aranha e X-Men.
A grande confusão se deu justamente por eu ter recepcionado de forma oposta. Hulk foi, para mim, certamente mais viceral e emocionate que este novo O Incrível Hulk. Não entendo bem o porquê, mas provavelmente os fatores dessa inversão estejam diretamente ligados a predisposição emocional, o que me leva a entender mais ainda como a percepção que temos de um filme pode variar de acordo com nossa situação (emocional) e referências pessoais.
A experiência com essa continuação foi mais fria e distante, e como a mudança de atores, alguns momentos foram verdadeiramente difíceis de se sentir. Quase não consegui acreditar no relacionamento que já havia ocorrido entre Bruce Banner e Betty Ross, agora, respectivamente interpretados por Edward Norton e Liv Tyler. Sem contar, também, que o caráter digital do personagem-título sempre é mais um entrave nesse processo de imersão minha, enquanto um espectador, mesmo que os efeitos efeitos de criação deste tenham se superado (vide a imagem do post).
O primeiro ato do filme, quase completamente filmado na Rocinha, no Rio de Janeiro, foram interessante e agradáveis de se ver pela forma dedicada e cuidadosa com que a favela foi mostrada, evitando deslizes e momentos incoerentes. No entanto, os mínimos momentos estranhos passados no ambientel foram o suficiente pra que eu estranha-se. Interessante perceber também que, pelo cenário mais próximo de minha realidade, senti-me mais dentro da estória, o que revela-me mais outro ponto interessante: o fator de o cenário ou locação ser um ambiente já reconhecido ou comum no dia-a-dia do espectador influi suficientemente na forma deste se colocar e recepcionar a estória, na empatia criada com a situação.
Um post de análise mais crítica sobre O Incrível Hulk já está pronto. Em breve postarei, mas antes alguns outros textos serão postados.
Um comentário:
Desde quando o primeiro Incrível Hulk foi para as telas, eu fui receptivo a ele. Com minha idade já avançadona, sou da geração que conheceu Bruce Benner pela TV, mas meu diferencial foi ler os quadrinhos. Lendo da enorme resistência ao monstro verde da telona por este aspecto: o da TV tinha um pouco mais de humanidade - quase ausente no dos quadrinhos.
Justamente por isso, considero uma grande diversão. Não vi ainda o segundo, mas creio que a excência dos quadrinhos deverá ser preservada se quiserem ter uma estória pelo menos agradável.
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