segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Um sim na multinão.


Sempre que digo, "Sim, sou a favor do sistema de cotas universitárias para negros e estudantes provindos de escolas públicas" olhares surpresos e perplexos se voltam a minha pessoa. No fim de 2006, foi decidida a implantação desse sistema na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), universidade na qual eu estudo e como aluno, também me vi surpreendido com a decisão quase repentina da instituição.
Pois bem! A questão já gerou polêmicas e discursões no país inteiro. Agora foi nossa vez, o vestibular está sendo aplicado e as cotas experimentadas. O problema é que fica evidente que a maioria é contra tal medida e desacredita nas suas eficácias, tendo como principais argumentos, o de que esta seria geradora de mais preconceitos e racismos; que tentar oferecer vantagens ao negro e ao pobre seja tentar atestar suas inferioridades; além de que seria uma inserção nas universidades de pessoas que talvez nem tivessem a capacidade para isso, tendo feito somente pelo auxílio institucional. E para completar, surge o argumento mais que adequado, defendendo a idéia de que para uma real solução desses problemas socio-econômicos, deveria-se investir numa educação de base. --------------------------------------------------------------------------------------------
Concordaria com todos esses argumentos, se eu não os visse como um reflexo do próprio preconceito dos brasileiros. E é incrível como essa realidade é se aplica ao país como um todo.
Surgido de um contexto em que a ideia de "mistura racial" foi usada com o intuito maior de encobrir as diferenças étnicas e raciais, o brasileiro teme exaltar essas diferenças, torna-las visiveis e de que haja uma delimitação até mesmo cultural, como é de costume em países que sofreram colonização. Para tornar mais complexa a situação, nós (até me incluo nessa caracteristica) possuímos um sério e prejudicial preconceito, o preconceito de se ter preconceito. O fato de se querer perder suas origem numa desculpa de mistura racial é uma entre as provas de tal atitude. Tendemos a recriminar aqueles que agem com algum preconceito e também ao preconceito propriamente dito, enquanto em nossas atitudes mais implícitas eles estão lá presentes. ---------------------------------------------------------------------------------------------
O problema se agrava quando o tal "preconceito do preconceito" nos leva a acreditar que considerar a verdadeira situação social do negro brasileiro seja, na verdade, um ato de inferiorização do grupo, o que não é verdade. Deve-se ter concientemente a situação desse negro e deve sim haver uma remediação, nem que seja algo a curto prazo; vou partir para o clichê: "Sim, temos uma dívida com eles (ou com nós mesmos)". O negro ainda está em desvantagem na nossa sociedade, e pôr isso em relevância é bem melhor do que conviver a tão famosa hipocresia brasileira. ---------------------------------------------------------------------------
É então que vimos surgir o sistema de cotas, tão contestado e contrariado, como se fosse um insulto ao negro, enquanto a sua situação hoje é mais ofensiva do que tal medida, um fato indiscutível. Dizem que essa medida fará surgir mais preconceitos ainda, mas parece que nessa neura brasileira ninguém em hipótese alguma pode exteriorizar um preconceito que já existe há tempos, sendo que tal atitude seria mais benéfica, por simplesmente exaltar uma diferença, fora o fato de incluir o negro na universidade, e esse é o caminho.
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Aos poucos vemos o negro se destacar culturalmente na sociedade, tornando suas especificidades visiveis, e isso é uma forma de auto-afirmação necessária para que o grupo possa de fato ter um espaço digno e respeitoso. --------------------------------------------------------
Mas que a cota é uma medida paliativa isso não posso negar. A situação do negro e dos pobres nesse país estão estritamente ligadas, de forma histórica, entre si. Para uma verdadeira inclusão social de certos grupos no Brasil é preciso um investimento em uma medida a longo prazo, voltada para a educação, não só tecnicista, mas também integral, que forme o carater do individuo.

Pra quem quiser divergir, convergir ou apenas interagir. Por favor, comentem!

Voltei e agora vou postar!

Depois de ter postado apenas uma introdução a idéia do site e ter sumido por um bom tempo, resolvi voltar. Lembrei que tinha algo legal e até importante, assim julgo, para falar. ----------------------------------
Vou postar agora sempre que puder, dentro ainda da mesma proposta de antes. Falarei as minhas idéias que fazem eu sentir-me "um dos poucos", ou mesmo coisas que costumos pensar e passar durante o meu dia-a-dia. -------------------------------------------------------------------------
Pois bem! Logo, logo, um post.