sexta-feira, abril 25, 2008

Found: Em Busca das Críticas Negativas de Lost

Enquanto dados do nono episódio da quarta temporada de Lost são transferidos ininterruptamente da rede para o meu computador, minha ansiedade de fã cresce, assim como uma curiosa vontade de entender até que ponto esse fanatismo me cega enquanto crítico, como várias vezes fui avisado a respeito disso. Decidi, então, me certificar da realidade de minha percepção a respeito de Lost e embarquei em uma jornada virtual em plena aurora de uma sexta-feira.

A questão era: Lost estaria tão ruím quanto algumas pessoas que me cercam dizer estar ou, na verdade, seria uma grande coincidência estar rodeado de pessoas que não gostam da série? Caso ela esteja realmente ruím, poderei de fato entender até que ponto a empatia que sinto pela série (já fora de um padrão normal) atrapalharia em um olhar mais crítico. Minha jornada então começou na busca pelas críticas mais negativas e ofencivas a série que eu acreditava não ter conhecimento, e que poderiam ser fatores de uma possível distorsão da realidade da série que eu pudesse estar sofrendo.

Então googlei. Comecei na busca por sites de "críticas de TV", que pra minha decepção, quase não existem em domínios brasileiros. Em seguida, busquei pela expressão básica "Lost" e pude encontra apenas umas poucas 486.000 páginas de respostas, que graças ao sucesso da série, tinha nas primeiras páginas justamente os links para os sites que comentavam a série. Entrei em diversas páginas, dezenas até, e pouco pude constatar, a não ser uma louca convenção geral de que a série é um "sucesso", simples assim.

Não satisfeito, busquei por "Lost decepiciona". Nada de novo me foi apresentado, a não ser sites que diziam: "Primeiro episódio da terceira temporada decepciona na audiência, mas ainda é a mais assistida no horário". Cansado de notícias sobre audiência ruím (falácias que não passam de um reflexo de popularidade), procurei por "Lost ruím" e encontro repetitivas afirmações de "sucesso" ou anúncios de "fotos sensuais de Evangeline Lilly". Sem desistir, procurei por "Lost péssimo", "Lost temporada fraca", "Lost cancelada", "Lost greve", "Lost não, Heroes sim", "Lost merda", "Lost pop". E o que eu encontro? Além da afirmação de que a série é um "sucesso", achei, em meio a 98% de afirmações de que a série é - novamente, "um sucesso" - "uma revolução da televisão", apenas algumas poucas críticas interessantes e negativas voltadas geralmente para episódios em específicos, como: "Lost tá cada dia pior, mas a nova trama apresentada no último episódio até que levantou fôlego", ou "Que episódio ruím, perto daquele outro bom"; ou o pior dos argumentos pra quem quer criticar uma série que se chama Lost: "Essa série só cria dúvidas na minha cabeça e nada de respostas". E para a irônia de tudo, em meio a minha jornada exaustiva em busca da crítica negativa, e sem muito sucesso, encontro uma crítica negativa de um blog chamado .Ponto-de-Vista., que detona um episódio mais que qualquer outra blog que eu tenha procurado no Google, isso, no GOOGLE.

Aliás, certifiquei-me de algo: os internautas criticam a série com cuidado e é comum encontrarmos afirmações como: "Às vezes Lost me desanima..." sucedido por um "... mas não decepciona" ou "Os últimos episódios estavam tão fracos... mas esse último mostra Lost novamente"; sem grandes argumentos, sem postura, e críticas destrutivas que morrem no episódio seguinte, quando não, no season finale.

Busca frustrada, que pelo menos resultou em um alívio por saber que a minha percepção da série, mesmo sendo um fã bobo e apaixonado, é sensata como a de poucos que pude encontrar no google, além, claro, de constatar que a série não é ruím como andam falando. Desta busca, pude pelo menos conhecer diversos sites de críticas e informações de TV que frequentarei com constâncias. Acredito que minha razão fique por cima da minha paixão, afinal, não exito em criticar Lost quando devo ou quando me desagrada, da mesma forma como não me entrego ao deleite de criticar outras séries ou de negar-lhes os elogios merecidos, como CSI ou 24 Horas, que possuem um modo particular e um tanto eletrizante demais de contar suas estórias, algo que não me agrada muito. Prefiro personagens, por isso, prefiro Lost.

Mas eu percebi uma coisa, das próximas vezes serei fã de uma coisa menos popular e conhecida. As pessoas tendem a associar popularidade a produtos ruíns. É o que eu sempre falo por aqui, preconceito artístico!

quarta-feira, abril 23, 2008

O Padre Voador está Lost


O teor cômico dessa história é inegável. O padre simplesmente, e na melhor das intenções, se amarrou a 1.000 balões e seguiu sua arriscada jornada, portando um GPS, que logo descobriria não saber como funciona. Por que alguém se submeteria a isso de forma tão precipitada? Antes de ver essa imagem, não havia rido em nenhum instante ouvindo essa história, mas sabia da graça que se escondia por trás da tragédia; agora com essa imagem, como não rir? Não costumo me divertir com a tragédia alheia, mas um mínimo de distanciamento que tomamos em relação ao padre é o suficiente pra tornar tudo engraçado. Um pé na tragédio e outro na comédia!

Lamentável, trágico e triste, mas inevitavelmente cômico. Balões de aniversário, nenhum colete salva-vidas, mal tempo, ausência de equipe de apóio, GPS sem intruções... como esse plano perfeito foi dar errado?!

Filmes que Assisti


Notas Sobre um Escândalo


Há alguns dias, assisti a esse filme pelo TV (legendado, graças à TV a cabo) e, sem muito me surpreender com as facinates interpretações de Judi Dench e Cate Blanchett, fiquei estranhamente vidrado naquela verdadeira montanha-russa emocional. Poucos filmes conseguem mater um ritmo tão constante, com tamanha tensão e intensidade.

Contando a estória de uma professora que tem a sua vida profissional e pessoal abalada pela acusação de ter mantido relações sexuais com um aluno de 16 anos, o filme nos apresenta a uma dinâmica interessante entre personagens, e nessas complexas relações, um estudo incrível destes. Sou um simpatizante completo de estória rápida, velozes, cheias de reviravoltas e tensões provindas de conflitos entre as personagens; e é exatamente isso que Notas Sobre um Escândalo nos oferece. Indico, indico!


X-Men: O Confronto Final

Quando o primeiro filme da saga dos mutantes lançou, de certa forma foi marcada uma transição na forma de tratamento dos atuais filmes de ação. O padrão "a là Batman" de adaptação das estória em quadrinho era abandonado em prol de estórias mais complexas, com personagens profundos e razoavelmente trágicos em seus destinos. A era dos heróis trágicos e complexos.

No entanto, mesmo com uma mudança significativa dos heróis de ação de hoje e suas estórias, X-Men continua com o posto de melhor adaptação de HQ's para o cinema, como um marco da mudança para o novo tempo em que a industria tende a prender seu público através de estórias menos rasteiras.

O Confronto Final fecha a trilogia da melhor forma possível, arcando a todo custo (inclusive com a vida de personagens importantes) com as consequências da trama desenvolvida nos dois filmes anteriores e pelos primeiros minutos do último episódio. Complexo, trágico e provido de um interessante subtexto, o terceiro filme dos X-Men's traça com mais força o paralelo entre os conflitos homem/mutante e a nossa sociedade aversa às diferenças.

terça-feira, abril 01, 2008

Desabafo

Ao visitar o blog Calango Net News, li um post chamado O Circo dos Horrores que comentava sobre a situação deplorável do Congresso Nacional, com seus escândalos, baixarias e casos de corrupção que não acabam nunca. De alguma forma, o texto escrito pelo autor não-identificado me trouxe uma série de reflexões nada novas a respeito dessa situação. Quando decidi comentar, o que era pra ser uma breve opinião, tornou-se em um longo comentário escrito quase que ininterruptamente e como se fosse um desabafo. E sendo assim, nada mais justo que postá-lo no meu próprio blog. E a resposta ao post foi a seguinte:


Sério! Esse é um problema cultural diretamente relacionado à educação. O brasileiro sempre se viu na corda bamba, sempre se viu obrigado a achar o jeitinho brasileiro. E o que é o jeitinho brasileiro? Teoricamente, uma forma desrespeitosa de buscarmos um modo de sobreviver e ultrapassar as dificuldades, infringindo leis e trapaceando. O brasileiro, de romântico, não tem quase nada, mas de cínico, praticamente tudo. A convenção de que devemos driblar as regras para sobreviver é tão grande e cara de pau, que qualquer sinal de sentimentalismo, romantico ou não, nacionalista ou não, que possa nos fazer pensar no próximo ou no coletivo, parece vergonhoso.

O pobre se ver no direito de trapacear com seu jeitinho brasileiro. O rico se ver igualmente no direito de, às escondidas, infrigir leis. Por que seria diferente se a educação cultural no fim é praticamente a mesma? Ninguém é vilão... somos todos mal acostumados. Mal acostumados a morrer de fome enquanto buscamos uma forma justa de sobreviver. Sem romantismo, isso é impossível. Mal acostumados a pensar no próximo enquanto queremos acumular fortuna ou sentí-la mais sólida quando nossas inseguranças e neuroses sempre dizem que o que temos não é o suficiente ou quando somos seduzidos cada dia mais pelo "ter" e pela publicidade.

Quem é o vilão? O congresso, com seus exemplares de pessoas egoístas ou de mazelas brasileiras potencializadas pelo poder? Seria o pobre, que fura a fila do SUS ou burlar algum sistema pra sobreviver sem ao menos lembrar do outro pobre que ficou pra trás? Como brasileiros, somos todos egoístas. Mas você me pergunta: "Por que pensar no outro se, caso a situação fosse inversa, o outro não pensaria em mim?". Esse é o cúmulo de uma mizerável convenção.

Nosso tão estimado calor humano e abraço, em certos momentos, não passam de superficialidades. Nossa proximidade uns dos outros e facilidade de relacionar-se, à vezes, revela o elo fraco que temos entre nós, e quando caímos no mais puro individualismo, isso fica mais que comprovado. Poucos são os brasileiros que pensam em outros brasileiros, e esses, são românticos, idealistas e quase extintos. Se no mundo o homem passa por um processo de individualisação, no Brasil, então já somos individualistas, mas da forma tipicamente brasileira, ou seja, fingindo sermos próximos, achegados, caridosos e carinhosos. Pessimismo? Não. O que acontece no "circo dos horrores", o Congresso, é a maior prova da desventura do brasileiro enquanto cidadão, e esse é o reflexo ou a maior divulgação de nosso comportamentos.

Da mesma forma que o brasileiro baixinho e jogador de futebol se viu obrigado a desenvolver dribles mirabolantes para ultrapassar os altos jogadores europeus, fomos também educados pela nossa própria história a ser assim, "dribleiros", infratores de nossas próprias leis e, consequentemente, problemáticos com nossa baixa auto-estima, que está direta ou indiretamente ligada com as nossas atitudes, ou talvez seja resultado de um pouco de culpa que sentimos pelos nossos atos. A verdade é que, de modo geral, só a educação para nos salvar, não só o Brasil, mas o mundo que anda invertido em seus valores. Só a educação para nos tornar conscientes de nossas próprias mazelas, e para o Brasil falta muito. Muito além do consciente e inconsciente do brasileiro, a educação deve mudar o inconsciente coletivo, em um processo a longuíssimo prazo. Pena que não começamos ainda!