Posso ser condenado por ser um cinéfilo que escreveu as palavras a seguir, mas não posso deixar de falar das minhas reais impressões e grandes frustrações a respeito do clássico Sete Homens e um Destino. Lançado a quase cinquenta anos, Sete Homens e um Destino revelou-se um grande sucesso e um exemplar do gênero Faroeste. De lá para cá, o filme solidificou-se e tornou-se um clássico adimirado, imitado e homenagiado. Vou ser bastante direto: não sei o que é visto em Sete Homens e um Destino que o faça digno de tamanhos e calorosos elogios.
O filme narra a invasão e sequestro dos habitantes de um vilarejo mexicano por um bando de pistoleiros liderados pelo temido Calvera (Eli Wallach). Alguns moradores do vilarejo buscam a ajuda de dois pistoleiros desempregados, Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen), e mais cinco companheiros foras-da-lei para defendê-los de Calvera. Todos se dispões, na busca de aventura. A tentativa de solucionar a situação e libertar o povoado logo revela-se uma grande batalha pela salvação dos habitantes da pequena cidade.
Dirigido por John Stugers, Sete Homens e um Destino é sem dúvida um grandioso filme no que diz respeito aos atributos técnicos. Grandes e impressionantes cenários, trilha sonora marcante, uma fotografia que em certos momentos revela as enormes dificuldades na criação destas imagens, considerando a época em que foram produzidas, e a ousadia e beleza dos quadros e movimentos de câmera. E como resultado de toda a técnica e tecnologia empregada, as enormes e bem coreografadas batalhas e tiroteios são um espetáculo a parte, que nos fazem pensar como sempre foi grande o talento do cinema americano para as cenas de ação. O que mais impressiona, porém, é a capacidade que o roteiro, baseado no filme Os Setes Samurais, tem de abrir possibilidades a seu próprio favor (pela riqueza da própria premissa) e em quase nenhum momento, aproveitá-las. Perdendo tempo com detalhes pouco importantes, o roteiro decepciona ao desenvolver os seus personagens com certo maniqueísmo e unilateralidade, dedicando quase nada ao desenvolvimento destes, além de perder boa parte das oportunidades de tornar cada um dos heróis em figuras realmente interessantes e convincentes.
A limitação do roteiro é tão grande que, após sermos apresentados a cada uma das personagens, este passa a desenvolver apenas a trama principal, esquecendo completamente a abordagem das reações de cada personagem, assim como a dinâmica envolvendo os sete. No entanto, a maior falha reside na incapacidade que o roteirista Willian Roberts demonstra em tornar Calvera em um vilão mais humano e real, quando simplesmente abandona as razões que levaram este a cometer tais atos, deixando-as apenas como citações nos diálogos. Aliás, boa parte do filme acontece nos diálogos e comentário dos personagens, o que revela mais ainda a incapacidade do roteirista de transformar em fatos as suas idéias para o roteiro.
Como resultado, o filme possue um elenco sem muito o que fazer, investindo apenas em poses e nos trejeitos comuns aos personagens do gênero. E me adimiro como tão pouco feito por este elenco foi o suficiente para torná-lo quase que por inteiro em grandes estrelas dos filmes de ação nos anos seguinte. Sete Homens e um Destino é um filme que enche os olhos mas oferece uma aventura que pouco nos dá em termos de emoção (mais viceral) por simplesmente não investir no desenvolvimento das personagens e, consequentemente, em uma capacidade destes de criar empatia no público.
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