Quando escrevo sobre um filme e intitulo o texto de "Primeiras e Sensíveis Impressões", a idéia que tenho, obviamente, é de relatar o que senti e as primeiras impressões vindas do filme. Isso tem sido comum e relativamente fácil de se fazer, mas em si tratando de Wall-E, nas diversas vezes em que comecei a escrever este post me vi buscando um texto mais frio e distante, procurando não explorar e muito menos expor um pouco da experiência bem pessoal que foi assistir a essa animação.
A verdade é que dificilmente uma pessoa que assiste a Wall-E sairá a mesma ou sem um mínimo de reflexão. O filme é emocional, certamente. Mas incrivelmente racional também, como uma mistura magnífica que mais parece Steven Spielberg e Stanley Kubrick na direção de um mesmo filme, protagonizado por Chalie Chaplin. E comparar o robozinho com o ator é mais que um elogio ao trabalho da Pixar.
A princípio, Wall-E parecia ser uma ousada estória sobre a vida solitária de um robô programado para limpar uma Terra completamente poluída. No filme, um cenário verdadeiramente angustiante. São quase 30 minutos sem falas, apenas com gestos e rotinas, para então descobrirmos que a estória se trata da paixão entre dois robôs, que no decorrer do filme, abandonam suas diretrizes em prol do "amor". Aparentemente, uma idéia maluca e água-com-açucar, mas a verdade é que trata-se de um cinema de primeira.
O robô Wall-E é um personagem fascinante e irresistível. Não imagino quem possa ignorá-lo e não se comover logo nos primeiros instantes com a alma (isso mesmo) e sensibilidade do robô, que é uma singela homenagem a humanidade. E é isso que o filme de fato acaba por nos mostrar ser, uma homenagem ao homem e sua sensibilidade, e não é à toa que Wall-E guarda em sua casinha improvisada diversas lembranças bonitas e singelas do que foram as pessoas que naquele lugar já residiram. O mesmo indivíduo capaz de destruir o mundo em que vive e de discriminar o próximo por pura ignorância, é também aquele que ama, dá as mãos ao outro. O personagem consegue sempre ver o melhor do homem em todo o longa e, curiosamente, ele sempre me pareceu a versão mais pura e inocente deste, ou seja, aquela sem rancor e traumas, que não tem medo de sentir, se emocionar, se apaixonar ou parecer bobo.
A verdade é que, ao assistir Wall-E, pude observar o melhor do que podemos ser, e vendo aquele personagem inserido em um contexto de total destruíção de nosso maior bem, fica clara a mensagem de que somente essa versão de nós é capaz de dar o devido valor. Não demora muito para entendermos o porquê da total poluíção do planeta, quando na metade do filme, Wall-E encontra os humanos e, junto com ele, descobrimos que o homem do futuro não passa de um ser amorfo, ignorante, acrítico, que perdeu até sua capacidade de locomoção por total entrega às facilidades tecnológicas e que, ao primeiro e surpreso contato, todos parecem exibir atenção e simpatia, mas por pura carência e solidão. O filme vai mais além em seus argumentos, tratando do consumismo e da vida cada vez mais envolta de um tecnicismo e por frias diretrizes de um mundo com olhares voltados para valores superficiais.
Não foi possível não me emocionar. Para alguns, o filme funciona como uma verdadeira redescoberta do que somos; já para outros, como uma feliz relembrança, enquanto que uma outra parte apenas ignorará, assim como os humanos de Wall-E, que vivem deitados pela atrofia de seus corpos em cadeiras flutuantes e com uma espécie de TV (é uma mídia) frente aos olhos, incapazes de olhar para o lado e de sentir algo genuinamente humano e real. Como a paixão de Wall-E por Eva.
A Comoção de Courtney
Já que falei de Wall-E, não vou deixar de comentar a respeito de um curioso caso sobre o filme. Courtney, uma jovem norte-americana, enviou um vídeo para a Pixar que era um registro do que ocorria sempre que assistia ao tease-trailer da animação lançado a meses na internet. Coutney se emocionava, inevitavelmente, sempre que via o olhar e escutava a voz do protagonista. Depois disso, a jovem passou a receber e-mails constantes de alguns funcionários da Pixar que ficaram comovidos com o seu vídeo. A equipe acabou convidando Courtney a comparecer na festa de comemoração do lançamento do filme, e lá foi homenagiada pelo próprio diretor.
Segundo o namorado de Coutney, que se encontrava também no evento:
"Então [Andrew Stanton] disse: 'Há seis meses, quando o primeiro trailer de Wall.E foi lançado, estávamos apenas na metade do processo de realizar o filme e não sabíamos ao certo como iríamos concluir o projeto. Estávamos exaustos. E aí, um dia, um vídeo apareceu no YouTube mostrando uma garota assistindo ao trailer. E toda vez que o via, ela chorava. Quando vimos aquilo, soubemos que estávamos indo na direção correta'.
Todos no cinema riram deste caso, demonstrando que sabiam do que ele estava falando.
'Bem', Andrew Stanton disse. 'Nós convidamos Courtney para estar aqui esta noite.'
Um burburinho tomou conta do cinema. Quando virei e olhei para minha namorada, ela estava boquiaberta pela surpresa. Andrew Stanton pediu que ela se levantasse e mil pares de olhos se viraram para fitá-la e, então, um ensurdecedor aplauso começou. Courtney ficou parada e, sem saber o que fazer, soprou beijos para os artistas e técnicos que fizeram o filme. Foi uma das coisas mais emocionantes e surpreendentes que ela já viveu e que já testemunhei. E a Pixar fez isso apenas porque o vídeo dela havia tocado seus artistas, deixando-os otimistas com relação ao filme que estavam fazendo. E eles quiseram retribuir o favor.
(...)
A Pixar nunca tentou usar essa história para promover o filme. Eles realmente fizeram isso exclusivamente porque ficaram tocados pela reação de Courtney ao trailer, porque acharam que isto seria algo bacana de se fazer e porque acreditaram que isto agradaria também aos seus funcionários - os quais, pelo que vi, eles tratam com enorme respeito".
(trecho extraído do post "Pixar, Humanidade, Emoções" do blog Diário de Bordo, de autoria de Pablo Villaça)
O relato completo e o vídeo de Courtney podem ser vistos aqui.
E... Bom! O trailer de Wall-E, pra quem estiver curioso.
22 comentários:
Definitivamente é sim uma OBRA PRIMA em inteligencia, sentimentos e arte mesmo.
Assisti duas vezes na mesma semana e da segunda vez viajei muito mais, chorei muito mais na daa do espaço, me embasbaquei muito mais com as relações a spilberg e kubrick. E mesmo discordando um pouco da comparação com chaplin, acho justo!
Levo adiante: em se tratando de ser cativante, ja percebeste a relação deste personagens com os personagens de Tim Burton? a solidão, o saudosismo, a dedicação, o encantamento, o feio/belo... Sweenie Todd, Edward Mãos-de-Tesoura, Jack Skelllington, Ed Wood enfim... todos esses que o Johnny Depp de alguma forma faz parte :)
Detalhe: o filme é tão bem amarrado, em todos os sentidos, que uma das dubladoras do filme é Sigouney Weaver, não a toa é a protagosnita do mais famoso, senão melhor, filme de ficção científica!
Agora, so nao consigo acreditar na historia de Courtney, pra mim é tão verdadeiro quanto "as musicas de fulano de tal vazaram na internet", mas funciona, é a publicidade se renovando e não consigo deixar de ver a BnL do filme como o mea culpa da Pixar e da Disney! O que só me deixa mais de joelhos ao pé do filme
Na verdade, o que lembra o Chaplin é quando ele senta e bate os joelhos todo cheio de ingenuidade. Aí pensei que teria muito a ver... a expressão corporal do personagem e um pouco da personalidade. E já vi algumas pessoas comparando também, mas acho que é uma coisa que fica apenas no fato de remeter ao personagem do ator e não em uma verdadeira referência ou homenagem.
Quanto a Courtney, também achei que pudesse ser um golpezinho de marketing... só fiquei pensando que esse golpe foi dado um pouco tarde demais, não?!
Acredita que nunca assisti esse Alien com Weaver!!!
É verdade, Pedro! Eu sabia que reconhecia alguma dessas características do personagem de algum lugar, mas não sabia de onde. Parece mesmo!
estou pensando em assistir esse filme, mas ainda não deu tepo, já vi que vou acabar assistindo em dvd em casa, valeu a exposição...
O filme, eu ainda não vi.
Mas uma coisa que tem sido presente nestas animações que acabam sendo um atrativo para o público infantil, é que eles acabam sendo filmes extremamente adultos e, melhor, com alguma mensagem que os fazem pensar.
Lembra de Monstros SA? Procurando Nemo? Carros?
E isso os torna filmes fascinantes, em todos os sentidos.
Me deu mais vontade ainda de assitir esse filme, só pelo trailer vc percebe o como é belo!
Até mais amigo!
Este filme parece ser demais, estou louca pra assistir...
Adorei seu blog.
Bjs.
Não vejo a hora de assistir à esse filme!
deve ser muito bom!
abçs
Lucas de Oliveira
Pelo trailer já da pra ver a qualidade !
Parece bem bakana...
Não confiei muito quando ouvi falar do fila mas agora assistindo o trailer parece melhor...
www.infoxcomp.blogspot.com
Já perdi a conta de quantas vezes eu elogiei esse filme em blogs que fizeram resenhas.
O fato é que não posso dizer menos que "maravilhoso" para Wall-E.
(dica cara: melhora o português nos posts)
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TemPraQuemQuer
Como disse o Euzer, essas animações apesar de infantis trazem sempre uma mensagem que serve a todos, independente da idade.
Pela descrição que fazes acerca deste filme, parece uma animação muito tocante.
cara sincero
prefiro
Hancock!
ou algo mas emocionante !
mas ta valendo!
djneo
www.blogaioh.blogspot.com
não vejo a hora de assitir a Waal E... e com certeza me impressionar... mais uma vez com o talento da galera da pixar!
Ainda não vi mais o post me deixou curioso. o filme tem pouca divulgação na tv né?
http://cayonauan.blogspot.com/
ainda nao assisti :(
espero q consiga ver hoje :D
ótio post
http://selenevaldragon.blogspot.com/
"Mas incrivelmente racional também, como uma mistura magnífica que mais parece Steven Spielberg e Stanley Kubrick na direção de um mesmo filme, protagonizado por Chalie Chaplin."
Excelente observação. O que mais consigo ver de "Chaplin" em wall-e é a intensidade das expressões, quando não se pode dizer o que está sentindo. Wall-e é um robozinho tocante, sem frases contundentes, um típico ator do cinema mudo.
As outras comparações, com Kubrick e Spielberg, parecem mais óbvias. Acho até que Wall-e se parece mais com algo pensado por Spielberg, pois a única comparação que pode ser feita a Kubrick, é em relação a sua obra-prima, 2001. E Hal 9000, apesar das semelhanças com o ajudante do capitão de Wall-e (obviamente uma inspiração, e uma homenagem a Arthur C. Clarke), é um personagem incrivelmente denso, que supera em muito uma mera "diretriz" passada por alguém.
Bom, alguns erros eu verifiquei sim.
Passei o olho no texto, sem me ligar no conteúdo.
Corrige aew:
institulo - intitulo
sinti - senti
inoscente - inocente
exiber - exibir
o filme funcionar - funciona
Esse filme é fantástico!!!
Li também em algum lugar que o filme é praticamente um tributo à Apple (empresa de computadores). Além de ser a marca do Wall E, Wally é o nome de um dos presidentes atuais da empresa (ou portador de ações, enfim...). Eva também é uma homenagem à um dos fundadores. E nos depósitos de lixo existem diversos consoles, joysticks e monitores atuais da Apple.
Gostei do blog!!! Sucesso!
[]'s
http://musica-holic.blogspot.com/
eu comecei a vez o filme pela internet
mas o filme me parece mt bom e a imagem tava mt ruim
vou esperar sair para alugar ou baixar quem sabe
da um look no meu blgo tbm e Conheca o som e a letra da bela musica Light up the sky
em...
http://culturatups.blogspot.com/
abraços
Esse filme deve ser muito bom.
Estou doido para ver.
Muito obrigado pela sua opinião.
Foi a única que prestou lá. hahaha
Abraço.
Putz, preciso ir assistir!!! Falta tempo!!
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