Se no "Caso Isabella" eu discordava da cobertura excessiva e sensacionalista que extrapolava o limite do bom-senso, tanto por parte dos profissionais de comunicação quanto pelos milhares de receptores; frente a cobertura deste mais novo e triste caso de uma criança atingida pela violência, admito que alguns segmentos de mídia têm feito o seu trabalho de forma mais equilibrada, sensata e buscando encontrar, por trás dessa veiculação, um sentido e uma relevância que vão além do interesse público ou da audiência, mas que procure desvendar o contexto por trás dessa situação. Algo que não aconteceu no primeiro caso, que apenas com mais de um mês alguma discussão rasteira sobre violência doméstica e suas causas fora levantada.
Nesse caso ocorrido no domingo, dia 6, policiais militares foram acusados de disparar pelos menos 16 tiros contra o carro ao qual João Roberto, de 3 anos, se encontrava com sua mãe e irmão. A criança teve morte cerebral logo na segunda-feira, enquanto os dois PM's envolvidos na operação foram presos em um batalhão na Tijuca. Eles afirmaram que estavam trocando tiros com ladrões e negam terem atirado contra o carro em que o menino se encontrava. No meio da semana, o vídeo de segurança do prédio em frente ao ocorrido revelou que os policiais dipararam contra o carro, indicando um erro operacional, e dos grandes.
As reportagens sobre o ocorrido apuram os fatos de forma mais cuidadosa, além da habitual tentativa jornalística de comover. O que a princípio era noticiado como um típico caso de violência policial, passou a informar um possível despreparo da polícia, tanto psicológico como operacional. A questão inevitavelmente se aprofundou. A discussão sobre a deficiência dos policiais militares surgiu e vários meios de comunicação optaram por não impor papéis e funções aos personagens dessa história, com o intuito somente de sensacionalizar este, que é mais um fato complexo de nossa sociedade. Até a possibilidade dos policiais realmente terem trocando tiros com ladrões está sendo bem divulgada pela mídia, criando uma verdadeira situação reflexiva que vai para longe da simples comoção, vitimação e da incitação de raiva na população.
Tenho uma forte impressão que essa postura da imprensa nesse caso tenha ocorrido por esse fato caracterizar-se como parte de uma discussão já em pauta desde o ano passado pelo cinema e por outras mídias. Hoje, há uma verdadeira inquietação para se entender a instituição policial brasileira e como esta se encontra, já que ela é fundamental para a manutenção do equilíbrio social, principalmente em um país subdesenvolvido. Fiquei um pouco surpreso com a forma de tratamento da mídia em um caso que poderia ser muito bem explorado, aproveitando o sentimento de revolta induzido, intensamente utilizado pela imprensa no caso de Isabella Nardoni. No entanto, a reflexão sobre as condições da polícia foi quase inevitável de surgir no caso do pequeno João, já que envolvia diretamente policiais militares do Rio de Janeiro. E acredito, a imprensa não se submeteriam a tamanho indiscrição em um caso tão delicado.
A verdade é que a violência no Rio não é novidade, assim como a insegurança atual que sentimos em relação a instuição que deveria nos trazer um mínimo de segurança. Considerando esses fatores, talvez seja mais fácil de entender as diferenças consideráveis que existem entre o Caso Isabella e o de um menino que, infelizmente, será apenas parte de uma estatística tão comum à cidade. Nesse momento, a comovente revolta da massa realmente faz falta.
E então. Será uma mídia mais discreta ou exitem mais pressões por trás da cobertura de um fato como este ocorrido no Rio de Janeiro?
13 comentários:
tudo aqui no RJ vira tragédia... como se nao acontecesse em outros lugares.
culpa dessa midia paulista.
abraço
Rafael, meu medo é que os crimes ocorridos nesse país só sejam investigados e solucionados graças a exposição excessiva (e fundamental) da mídia e o apelo da população. Apelo este que, na maioria das vezes, mostra pessoas que estão preocupadas apenas em acenar para as cêmeras e dizer: Mãe, pai, eu tô na Globo!
Belo blog!
Sinta-se devidamente incluído em meus favoritos!
é cara, realmente fica a duvida.
Pode ser que seja apenas a midia mais 'discreta'.
ou será uma forma de censura ??
Ótimo bloG, parabéns
feitodescolhas.blogspot.com
Não sei, acrdito que seja muito mais chocante um pai e a madrasta matarem uma criança do que um plocial sem preparo sair atirando .. claro cada um com suas diferenças.. infelizmente já está meio que virando "normal" casos com policias.
Não sei se vc viu o caso de uma moça que saiu de uma boate no RJ. e ela simplismente sumiu, o carro foi encontrado em uma lagos, junto com relogio e umas pulseiras da moça "argolas" que não sai facil do braço, pelo que vi eles estão invesigando pois ha possibilidade de policiais envolvido no caso..
A policia, na minha opinião, não tem preparo fisico, pisicologico e tudo mais que puder imaginar.
Quandas vezes já não se houviu falar de amigos que tomou uma "blists" e os policiais chegam se impondo de tal forma como se fossem o dono do mundo abusando do poder..
é tanta coisa que deixa confuso mas completamente desacreditado da policia brasileira.. agora mesmo me fez lembrar a menina de "acho" 14 anos que foi presa numa cela com sei la quantos homens e foi abusada por todos presidiarios..
Nossa são muitos casos se parar para analisar..
abç... escrevi muito ... rsrsrs
A midia realmente parece mais quieta nesse caso.
Talvez, infelizmente, por casos de policia matando civis tenham virado rotina no Rio de Janeiro
Amo o Rio, sempre que posso estou lá. Mas confesso que ando apreensiva. Detesto passar por blitz com policiais armados até os dentes: parece que algo vai explodir a qualquer momento!!!
Uma pena...
O Rio continua lindo, porem triste!!
Abços
De um pulinho no meu blog para fazer parte da campanha pelo fim da impunidade.
Não sou de fazer esses convites, mas acho que hj é importante!!!
Eu tô até meio surpreso de como esse post insitou os poucos visitantes deste blog a comentarem. Vejo que realmente este assunto causa polêmica e forte curiosidade no brasileiro.
Aquilo que Nildo falou sobre a exposição excessiva ser fundamental, concordo em partes. Não basta simplesmente uma forte cobertura, mas também, uma abordagem cuidadosa e que tenha propósitos, pelo menos, bons. O risco da cobertura excessiva da mídia é o de criar momentos histéricos que podem comprometer e muito a opinião pública (lembremos que esse é o fim e objetivo de qualquer serviço de informação). A verdade é que uma excessiva cobertura é vantagem, mas o ideal mesmo são os objetivos mais nobres da mídia por trás dessa cobertura.
Ontem a noite, dia 16, assisti a um documentário sobre o criminoso Pareja, no Canal Brasil. Fiquei mais assuatado ainda a respeito da polícia. O filme a revela, pelo discurso do criminoso, uma instituíção livre para o crime e protegida por si própria. Há uma total falta de responsabilidade da instituição para com o poder que eles possuem, assim como, dos governos e do judiciário que também se descuidam em relação ao executivo. A policia é induzida por sua realidade e livre para ser criminosa. Uma triste verdade!
Cara...sempre tera uma issabela...um pedrinho...e sempre será abordado de maneira excessiva pela mídia...
ta certo q o caso isabela foi muito mais "AUÊ" do que a maioria...mas o fato é que sempre tem algo para nos chocar...
gostei do seu texto...
escrevi muito sobre isso na minha facul..pois faço jornalismo...e essa foi a questão mais discutida no ultimo semestre
abraços e Cantos do Grilo
http://felipepensador.blogspot.com/
Cara concordo que o caso Isabela ja estava passando dos limites, mas para chamar a atenção e ganhar audiencia eles fazem tudo, ou tu acha que uma tragédia daquelas não chama atenção e nao emociona a todos???
No caso do menino que foi baleado eles perceberam os exageros do caso Isabela e simplesmente foram mais amenos.
Mas a mídia na sua maioria é "podre"...
http://www.avidanobeco.com/
Olá, Rafael.
Adorei seu post, favoritei seu blog, tudo bem?!
Bem, quanto seu post.
Enquanto é pauta de noticiários, a violência infantil é relatada com intensa preocupação. Porém, a partir do momento em que o assunto é "resolvido", ele passa também a ser esquecido. E é aí que está a falha.
Acho que essa cobertura excessiva da mídia no caso da Isabella tem muito a ver com a posição social da família da mesma. Ao meu ver, inúmeros casos de violência contra crianças acontecem diariamente, mas não são tão conhecidos pelo público.
Acho que no caso Iasebella a imprenssa estava fazendo seu trabalho, 'vendendo seu peixe', e cabe ao público escolher o que vale ou não a pena acompanhar e dar créditos.
E quanto ao caso do João, bem é triste, foi perto da minha faculdade. A mídia ta aí, pra detalhar a falha do Estado, o problema crônico e muito mal resolvido do país.
Beijos e parabéns pelo post.
Gostei de te ler. ^^
fatos como esses causam muito protesto por conta da população.
a mídia só relata os fatos
vlw
realmente a midia nao agente conforme os fatos ou com tranparencia e sim com ituito de vendar a notica
da um look la no meu blog tbm e Ria mt com o post de hj
http://culturatups.blogspot.com/
abraços
Se a mídia não for sensacionalista perde audiência ou consumo, além do interesse popular (digo classes C,D,E e F). São assim porque têm retorno da população.
O que é trágico, horrivel, escroto, é de agrado. O problema está na educação da sociedade, que não preza pelos fatos relevantes do cotidiano e agrega valores à imundice irrelevante.
Se não fosse assim, Ratinho não era milionário...
[]'s
http://musica-holic.blogspot.com/
Nice brief and this enter helped me alot in my college assignement. Thank you as your information.
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