
Mesmo que eu acredite que o tratamento dado pela direção de Louis Leterrier a este segundo filme seja mais coerente à estória, sinto e senti maior empatia pela forma com que Ang Lee a contou. A densidade com a qual este último desenvolveu e a utilização de argumentos psicanalíticos/psicológicos como explicação para os traumas do protagonista, indiretamente deram ao filme sensações mais vicerais e angustiantes, além de nos conceder explicações quase plausíveis para a mutação do personagem. E essa capacidade de tornar a estória mais emotiva quando racionalizada parece ser inexplicavelmente um trunfo comum às estórias de Hulk. Da mesmo forma, em O Incrível Hulk, os momentos mais emocionantes e dramáticos estão diretamente ligados às questões psicológicas de Bruce Banner, quando estas são desenvolvidas.

Com um início ágil, o filme, logo após nos apresentar a nova situação e esconderijo de Bruce Banner, nos deixa a par da ameaça e do constante desespero do personagem em se livrar de seu "poder". Usando a favela da Rocinha como cenário para o esconderijo de Banner, a produção fez um ótimo trabalho ao escolher ângulos fabulosos compondo uma bela fotografia, e ao explorar, em alguns momentos, o caótico ambiente do morro, como na perseguição que os militares norte-americanos fazem pelas ruelas, lajes e becos traiçoeiros do morro. O trabalho de Direção de Arte e a produção no geral foram tão bem realizados que o íncomodo típico que nós brasileiros sentimos ao assistir filmes hollywoodianos filmados no Brasil foi quase imperceptível pela escassez de deslizes na representação da Rocinha e da vida na favela, tropeçando apenas aqui e ali.
Com uma urgência e rítmo intenso, o início do longa praticamente em nada parece com a cuidadosa apresentação das personagens de seu antecessor e, curiosamente, uma nova versão do auto-experimento científico de Bruce Banner que o tornou em Hulk foi mostrada (nesta, sua namorada Betty Ross quase morreu no incidente). Investindo mais tempo nos momentos de ação, o roteiro se torna mais atrativa e prende fortemente o espectador, ao passo que mostra também as consequência traumáticas da "pós-transformação em Hulk" e de toda a ação ocorrida, assim como a carga emocional deste por ter que, constantemente, manter-se isolado como um fugitivo e ver-se sempre a um passo de "surtar" novamente. Dessa forma, reencontramos um Bruce Banner amargurado, que sofre o peso de sua natureza mutante e do que ela pode criar.

Edward Norton, porém, é bastante eficiente ao mostrar o peso dos problemas e restrições do personagem sobre si. Da mesma forma, a atriz Liv Tyler, que interpreta Betty Ross, funciona muito bem com Norton, imprimindo química ao casal. Mas infelizmente, o roteiro esquece de sustentar o lado da personagem como uma importante pesquisadora, deixando-a apenas como a mera namoradinha do herói. Já Tim Roth, constroi um Emil Blonsky interessante e ambiciso, e até certo ponto, um tanto obcecado e ameaçador, até para o próprio Hulk.
Superando o primeiro filme no que diz respeito a efeitos especiais, O Incrível Hulk impreciona pela veracidade do próprio Hulk, mas não a ponto de esquecermos de seu caráter digital. Dessa vez, com uma pele composta por uma coloração mais escura que o torna mais ameaçador, o Hulk ganhou um caráter

Em meio a incerssões bem sucedidas de algumas cenas cômicas, o momento em que Betty Ross fica completamente irritada com um taxista, ao passo que, ironicamente, Bruce aparenta total postura parcial a situação; é o único que revela-se ineficaz por não possuir qualquer elemento surpresa pela obviedade da tirada cômica. Possuíndo uma série de pequenas situações forçadas, o final peca ao investir quase que completamente na ação desenfreada e, novamente, na criação surpresa e desnecessária de um novo vilão.

De um modo geral, o tom utilizado nesse novo filme sobre o super-herói verdão é mais adequado que o da versão anterior, por ser mais leve, menos denso, com mais rítmo e não menos dramático, sem, com isso, torná-lo pobre e superficial. Essa mudança bem sucedida confirma que, em certos casos, melhor que utilizar um estilo denso e racional que transforme uma obra pop em uma arte mais rebuscada, é desenvolver o filme dentro de um estilo mais atrativo e coerente à proposta da estória, mas que mesmo assim faça jus ao potencial desta e não duvide da inteligência de seu público. São justamente estas as maiores qualidade de O Incrível Hulk.
10 comentários:
tomara que seja bom esse filme, ainda não assisti, ainda mais que o primeiro decepcionou...
muito bom esse filme
eu ja assisti
rsrsrs
http://sandrossoares89.blogspot.com/2008/07/89.html
Melhor que o primeiro...
Conseguiram superar o péssimo filme que foi o anterior.
Nunca gostei do Hulk, fato.
Mas já assisti aquele toscão que passava na Sessão da tarde hauhauhauh
Este novo eu não vi, nem pretendo ver. X)
Muito interessante seu blog!
Achei legal o blog, mas só uma crítica (apaga esse comentário se quiser).
-eu só achei que você, apesar de escrever muito bem, escreveu muito pra chegar no mesmo lugar , ai ficou meio chato.
Mas, eu gosto dos filmes do Hulk.
Beijos. :*
http://allabouteu.blogspot.com/
Então, eu acho q sou o único que gosto do filme anterior!!! Achei esse muito pipoca!! =/
Pois é! É realmente mais pipoca, seu anônimo. Mas, particulamente, acredito que O Incrível Hulk seja um filme que prese a corência do produto final à sua proposta, ao invés de carregar de racionalidade uma estória de um cunho inegavelmente fantástico.
Acredito que cada um é bom da sua forma. E nenhum chega a ser adaptações ruíns como Homem Aranha 3 ou a antiga série do Batman.
Deus salve Ang Lee pela sua ousadia, fui e sou bem mais fisgado pelo primeiro filme. Mas não posso negar que o tratamento da continuação é mais compatível com a proposta da estória.
fui ver o filme e muito bom mesmo
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