Dia 29 de março a "pequena Isabella" - assim que todos a chamam, com essa intimidade! - cai do sexto anda, sobre o gramado do prédio em que sua família mora. Não demorou muito para que os pais se tornassem os principais suspeitos e, com a mídia em uma cobertura desproporcional a importância do caso, essa história chamasse a atenção de todo o país.
Antes de qualquer coisa, não estou aqui para defender Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, pois da mesma forma como evitei os culpar por não haver provas sufientes, evitei também eximi-los de qualquer suspeita. Eles são de fato fortes suspeitos. Esperei a "maré" baixar para dizer isso aqui, mas a postura da mídia nesse caso foi simplesmente ridícula. Ansiosos e cheios de equívocos, os meios de comunicação, argumentando fazerem seu trabalho, exploraram o máximo do que poderiam de um caso potencialmente chocante e que pudesse render boas audiências. As notícias, que a princípio eram informativas, passaram a ser meras repetições das mesmas versões, intercaladas por pequeninas novidades, quando estas não eram equívocas. Com as suspeitas do crime sobre os pais da vítima, o frenesi da mídia chegou ao seu ponto máximo. Não faltavam reportagens tendenciosas ou descuidadas que culpavam/queriam culpar o casal sem nem mesmo terem laudos investigativos liberados, e com a população já comovida, a apelação foi geral. Era comum matérias falsamente imparciais, em que o reporter ou apresentador chamavam o casal de suspeito, mas ao mesmo tempo, faziam acusações implícitas ou portavam-se descuidadamente por conta do desespero de comunicar as novidades antes de qualquer outro.
E o que tem de mais nessa história? Nada de novo. Casos como esse, de violência doméstica ocasionando em morte, é tão comum quanto os de bala perdida no Rio de Janeiro. Que é chocante e lamentável, não se pode negar - uma criança morre, mas não deveria ter sido encarado como se fosse uma notícia de tanta relevância social, afinal, o que isso acrescentou no fim? A população mal refletiu sobre a violência doméstica no Brasil, pois estava mais preocupada com a reviravolta da "trama". Houve um envolvimento tão profundo da população, constantemente bombardeada pelos insistentes noticiários, que víamos absurdos como pessoas aglomeradas em volta da casa da família Nardoni ou frente as delegacias que os suspeitos eram encaminhados pedindo justiça e acusando o casal; ou então as mais de cem mil mensagens enviadas para a mãe de Isabella, como se fossem íntimos desta, provando a superficialidade de algumas pessoas ou mesmo a incapacidade de analisarem os interesses da mídia nessa comoção. Mas claro, existem excessões.
Por que um apenas "possível assassinato" de uma criança por seus próprios pais causa tanto choque? Em uma família de classe baixa, não causaria mais que um abalo - isso se a imprensa desse importância ao caso - mas por si tratar de uma família de classe média a comoção estrapola, como se fossemos (sim, me incluo) intocáveis e cheios de direitos que um cidadão pobre não possui. Imagino Isabella como uma garotinha pobre no interior do Pará sendo assassinada pelos próprios pais, talvez nem saberiamos do caso e se soubéssemos, haveria uma indiferença lamentável àquelas pessoas. Até os pobres sentem mais facilidade de se identificarem com a classe média do que com a sua própria.
E se sempre desconfiei das notícias e agenda da Globo, dessa vez considero esta a mais sensata ao cobrir o caso. Sem abusar tanto quanto uma Record ou portais da internet, a Globo manteve o telespectador sempre informado sem abusar demais do potencial vendável dessas notícias, limitando a veiculá-las apenas em horários normais de seus telejornais.
Com mais de um mês, confesso que já não suportava matérias sobre o "Caso Isabella", e cada vez que um dos advogados de defesa fazia um pedido de habeas corpus, sentia uma vontade imensa de apedrejá-los e pedir justiça, não em nome de Isabella Nardoni, mas pela minha própria paz, pois cada pedido desses significava (infelizmente, ainda significa) uma nova remessa de matérias e notícias recapitulando toda a trama (trama? será uma novela?!). Já sei até quantos fios o assassino cortou na rede de proteção, antes de jogar Isabella pela janela. Mas sei que os advogados em nada tem a ver com essa quantidade de matérias, acredito que eles, ao contrários da mídia, estejam até fazendo um cuidadoso trabalho. Finalmente a maré baixou e espero imensamente que discussões como "invasões do MST à ferrovia da Vale" ou "a mal resolvida questão indígenas brasileira" sejam abertas pra valer. São bem mais relevantes.
E o que tem de mais nessa história? Nada de novo. Casos como esse, de violência doméstica ocasionando em morte, é tão comum quanto os de bala perdida no Rio de Janeiro. Que é chocante e lamentável, não se pode negar - uma criança morre, mas não deveria ter sido encarado como se fosse uma notícia de tanta relevância social, afinal, o que isso acrescentou no fim? A população mal refletiu sobre a violência doméstica no Brasil, pois estava mais preocupada com a reviravolta da "trama". Houve um envolvimento tão profundo da população, constantemente bombardeada pelos insistentes noticiários, que víamos absurdos como pessoas aglomeradas em volta da casa da família Nardoni ou frente as delegacias que os suspeitos eram encaminhados pedindo justiça e acusando o casal; ou então as mais de cem mil mensagens enviadas para a mãe de Isabella, como se fossem íntimos desta, provando a superficialidade de algumas pessoas ou mesmo a incapacidade de analisarem os interesses da mídia nessa comoção. Mas claro, existem excessões.
Por que um apenas "possível assassinato" de uma criança por seus próprios pais causa tanto choque? Em uma família de classe baixa, não causaria mais que um abalo - isso se a imprensa desse importância ao caso - mas por si tratar de uma família de classe média a comoção estrapola, como se fossemos (sim, me incluo) intocáveis e cheios de direitos que um cidadão pobre não possui. Imagino Isabella como uma garotinha pobre no interior do Pará sendo assassinada pelos próprios pais, talvez nem saberiamos do caso e se soubéssemos, haveria uma indiferença lamentável àquelas pessoas. Até os pobres sentem mais facilidade de se identificarem com a classe média do que com a sua própria.
E se sempre desconfiei das notícias e agenda da Globo, dessa vez considero esta a mais sensata ao cobrir o caso. Sem abusar tanto quanto uma Record ou portais da internet, a Globo manteve o telespectador sempre informado sem abusar demais do potencial vendável dessas notícias, limitando a veiculá-las apenas em horários normais de seus telejornais.
Com mais de um mês, confesso que já não suportava matérias sobre o "Caso Isabella", e cada vez que um dos advogados de defesa fazia um pedido de habeas corpus, sentia uma vontade imensa de apedrejá-los e pedir justiça, não em nome de Isabella Nardoni, mas pela minha própria paz, pois cada pedido desses significava (infelizmente, ainda significa) uma nova remessa de matérias e notícias recapitulando toda a trama (trama? será uma novela?!). Já sei até quantos fios o assassino cortou na rede de proteção, antes de jogar Isabella pela janela. Mas sei que os advogados em nada tem a ver com essa quantidade de matérias, acredito que eles, ao contrários da mídia, estejam até fazendo um cuidadoso trabalho. Finalmente a maré baixou e espero imensamente que discussões como "invasões do MST à ferrovia da Vale" ou "a mal resolvida questão indígenas brasileira" sejam abertas pra valer. São bem mais relevantes.
12 comentários:
Existe uma "lenda urbana" que diz que tudo o que acontece com pobre é "normal", por maior que seja a aberração... Tanto que a velha piada "pobre só sobe na vida quando explode o barraco" é difundida aos quatro ventos.
No entanto, quando uma coisa até "comum" como um pai ser suspeito de matar a própria filha, com requintes de crueldade acontecem numa família "de posses" como foi este caso, o impacto é grande, porque ele vai mexer com conceitos, com valores que a sociedade (ricos e pobres, inclusive) até então desconhecia. Por isso essa repercussão toda. No "inconsciente coletivo" seria previsível um pai jogar a filha pela janela do barraco morro abaixo. Agora, quando isso sobe a pirâmide social, assusta.
Euzer! Explicação mais que plausível... você meio que exclareceu essa dúvida na minha cabeça!
De fato! É difícil mesmo encarar certos crimes em uma classe que deveriamos tomar como exemplar.
Muito interessante seu argumento!
Só deu pano pra manga porque a mídia precisa de histórias novas (que estao em falta) e porque o sr. nardoni tinha dinheiro pra pagar advogados caros.
MAs o fato de ter acontecido em uma família de classe média não faz o crime ser menos cruel..
Comenta aí:
And I Said Goddamn!
È o Euzer tem razão,é porque todos nos fomo criados com uma ideia: que só os ricos podem ser felizes,perfeitos e se darem bem na vida,quando as coisas mudam o povo se espanta mesmo
Eu também não aguentava mais ouvir falar do caso.... a justiça tem que ser feita........ mas demora MUITOOOOOO
esse assunto já deu, neh...
¬¬
bah! qnta gente morre tdos os dias?! isabela foi mais uma.. para mim, pessoalmente, uma a menos, antes ela do q eu...
qnto aos sem terra e aos indígenas.. pqp! mata todos eles! índio anda pelado em pleno século XXI e ainda quer ter razão?! é retrógrado, não é cultura...
mas eu comento de novo se vc quiser! aoiehoieheoaiheaoiheioaeioa
POR MIM Q MATEM OS INDIOS, OS SEM TERRA E OS MILHARES DE ALEXANDRE NARDONI QUE EXISTEM PELO BRASIL!
oiaheoiehaoiehaioehaioeaea
pronto.
na boa esse assunto jah encheu o sako, como a ia acosta disse: qnta gente morre tdos os dias?! isabela foi mais uma
Tambem concordo que este assunto ja deu pano pra manga... Mas vambora aguardar mais uma atrocidade vinculada e explorada pela mídia que todo mundo vai esquecer este caso rapidinho...
Izabela? Quem???
http://vivian-barros.blogspot.com/
Acho que tem gente que não lê o post inteiro! hehehe... incrível!
relaxaa, tá na boa! (:
beeijo
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