domingo, setembro 05, 2010

Considerações sobre o Cinema 3D


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Um dos maiores equívocos em grande parte das propagandas de cinemas 3D e nos próprios filmes que hoje experimentam essa nova tecnologia é a promessa de transportar as imagens para fora da tela, como se essa impressão ótica fosse o grande trunfo dessa nova tecnologia. Foi por conta dessas propagandas enganosas que senti uma certa frustração ao assistir pela primeira vez a um filme em três dimensões, há quase dois anos. Tratava-se da segunda película projetada em 3D na cidade onde moro, o filme-concerto U2 3D, que mostrava vários trechos da turnê Vertigo Tour, da banda irlandesa. Lembro de ter percebido que essa tecnologia não apresentava tamanha liberdade aos objetos cênicos de um filme como sempre foi propagado por aí, o que havia era apenas uma percepção mais palpável e realista destes.

O mais interessante é que essas propagandas enganosas parecem ter sido disseminadas como consequência de uma grande incompreensão da própria tecnologia que estava (ainda está) sendo experimentada por parte dos produtores de cinema e dos exibidores. Dessa forma, o maior problema não reside nas já velhas e descredibilitadas propagandas de cinemas 3D, mas sim nas novas empreitadas cinematográficas com essa tecnologia. É visível que muitos produtores de cinema não entenderam ainda a essência e as verdadeiras potências da imagem em três dimensões. Muitos filmes 3D, ainda hoje, são feitos tendo como base a ingênua idéia de que a terceira dimensão da imagem pode proporcionar uma maior interatividade ou impressão de que os personagens ou objetos podem sair da tela, levando o espectador a sentir-se mais dentro daquela realidade fictícia.

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É fato que existe um sobressalto quando um objeto com aparentes três dimensões voa em direção ao público, a impressão de solidez e palpabilidade realmente existe, mesmo que mínima. Contudo, na tecnologia 3D todas as imagens estão presas a tela, nada dali sai, pois diferentemente de uma imagem holográfica a 3D não ocupa um lugar em um espaço real, mas sim simula este espaço. Em sua essência, o cinema em três dimensões não foi criado para transpor nada da tela, e nem para criar esta impressão; ao contrário, ele parte do princípio de criar a profundidade dos elementos na imagem, através de uma técnica chamada estereoscópia, que consiste em captar uma mesma imagem em dois ângulos diferentes alinhados de forma horizontal, como se fosse a imagem de dois olhos, um esquerdo e outro direito. Essa técnica permite que vejamos objetos em uma imagem dotados de profundidade e não chapados, como na imagem de duas dimensões. A terceira dimensão, aliás, é a própria profundidade.

Já a tentativa de provocar essa impressão de transposição da tela (ou parede) pode acabar resultando para o espectador em uma frustrante quebra da quarta parede, o que, consequentemente, destrói a ilusão quando este descobre que objeto nenhum sai da tela, pois claro, tudo aquilo é ficção. Indo na contramão de muitas produções, a recente animação Como Treinar o seu Dragão esquece de tentar impressionar o público com os já clichês de "atirar coisas contra a platéia" e passa a trabalhar com o que realmente importa na imagem tridimensional: o seu terceiro elemento, a profundidade. Dessa forma, assim como no recente e impressionante Avatar, o que está no fundo, a nova dimensão dessa realidade fictícia e as impressões que causam ao espectador ganham maior relevância e são melhor experimentadas.

O cinema 3D não veio pra confundir a realidade fictícia da tela com a nossa de espectador, nem para confundir os espectador com o personagem. O cinema 3D veio pra tornar aquela história fictícia mais verdadeira, pra trabalhar mais ainda a nossa fantasia e imersão. No dia que o cinema se transformar numa espécie de game holográfico aí sim transportar objetos e personagens para fora da tela pode passar a funcionar narrativamente.

3 comentários:

Polyana Amorim disse...

Eu fui ludibriada. Esperava mais das promessas de filmes 3D.
Fui assistir Alice, do Burton, e sai de lá revoltada.

A sala do box não é bem estruturada, o óculos que me deram era velho e me irritava bastante. Se eu tivesse pago uma sala normal teria tido a mesma sensação, ou melhor, pois não ficaria na expectativa do 'grande diferencial' e teria curtido mais a história.

Desde então, nunca mais fui ver um 3D. A diferença é mínina demais preu pagar o dobro do que eu costumo pagar no cinema.

Bjo, Caio.

Anônimo disse...

Juro que ainda não experimentei o pulo da imagem.

Bom retorno ao blog.

bjo,Caio.

Rafael Carvalhêdo disse...

Olha, o Cinema 3D do Box não é uma boa referência. A imagem é escura, turva e, enfim, lá não presta muito. Experimentem lá no Cinesystem, atecnologia usada lá é bem melhor e impressiona um pouquinho mais. rs

Abraços, peoples!