Quando eu fazia a segunda série do primário, lembro que a Globo exibiu uma espécie de documentário ou algo parecido sobre Michael Jackson, mas não me recordo qual era a abordagem, não havia assistido, apenas pude escutar comentários eufóricos na sala de aula. Não vivenciei a era MJ, o seu auge. Fora esse momento de minha infância e outros raros, apenas agora, após a morte do cantor, que pude constatar novamente o significado dele para uma grande parcela de pessoas que puderam acompanhar a sua carreira e vivenciaram o cenário musical dos anos 80, enquanto a sua influência e originalidade na música pop sempre me pareceram óbvias. De resto, as tantas outras referências que eu tinha do cantor se tratavam das notícias sobre as esquisitices e escândalos, assim retratados pela imprensa, como as acusações de pedofilia e as mudanças físicas.
As referências negativas foram tantas que, por maior que fosse o carisma de MJ, fiquei surpreso com o tamanho do impacto e a comoção de algumas pessoas. Esperava que houvesse mais críticas por conta da possível causa de sua morte, ou que uma visão negativa prevalecesse, mas parece que todo o caráter doentio insistentemente divulgado pela imprensa ou criticado por muitas pessoas se esvaziou, dando-me uma forte impressa de uma grande e horrível hipocrisia. Eu sei, não é nenhuma novidade.
Para mim, que pouco sabia sobre o cantor mesmo gostando de suas músicas, em todas as notícias e suposições negativas sobre o MJ, sempre pairava uma dúvida sobre quem era aquele artista ou aquela pessoa escondida por trás daquele rosto esticado, branco e inexpressivo; era uma imagem bizarra que, de alguma forma, criava uma desproporção no comportamento dele próprio, e eu não vi alguém ousar em tentar entender levemente alguns dos seus comportamentos. Ao contrário de hoje, que é muito conveniente que se esclareçam todos eles. Confesso que aquela imagem de MJ mostrando seu filho na sacada nunca me chocou de fato e que nunca consegui entender o processo de causa e efeito entre a gravidade daquela atitude e o espanto da imprensa. Mas claro, não era uma pessoa segurando um bebê em uma sacada, era um ET, e pior, um ET que já havia sido acusado de pedofilia. E na mente miúda de muitos formadores de opinião, a imagem de MJ era inquestionável, não importando seu passado e nada mais.
E eu me questiono. Por que a mídia, muitas vezes, se mostra incapaz de tentar compreender razões invés de denegrir pelo fato em si? É, de fato, necessário que o indivíduo morra ou que a canalhice do seu pai seja novamente constatada para se entender o quão perturbado pela sua própria história essa pessoa era? Não sou nenhum ingênuo, o fracasso de uma estrela também é tão vendável quanto o sucesso e a sua morte, mas hipocrisia e oportunismo são sempre algo a se questionar.
Não ignorando os escândalos de outrora e nem apenas usando o termo "problemas familiares" para justificar mecânica e artificialmente as várias atitudes de MJ, como a maior parte da mídia tem feito no desespero de homenagear e "honrar" a imagem do artista - porque assim é que se se deve vender quando a estrela morre -, esse curto e ótimo podcast da CBN, de forma cômica, reflete sobre a pergunta aberta pelo próprio cantor. Para ouvir clique aqui!
Bom! Parece que biografias de verdade são feitas apenas depois que o personagem já morreu. Talvez, por isso, o cantor Roberto Carlos proibiu a sua de ser lançada recentemente!
As referências negativas foram tantas que, por maior que fosse o carisma de MJ, fiquei surpreso com o tamanho do impacto e a comoção de algumas pessoas. Esperava que houvesse mais críticas por conta da possível causa de sua morte, ou que uma visão negativa prevalecesse, mas parece que todo o caráter doentio insistentemente divulgado pela imprensa ou criticado por muitas pessoas se esvaziou, dando-me uma forte impressa de uma grande e horrível hipocrisia. Eu sei, não é nenhuma novidade.
Para mim, que pouco sabia sobre o cantor mesmo gostando de suas músicas, em todas as notícias e suposições negativas sobre o MJ, sempre pairava uma dúvida sobre quem era aquele artista ou aquela pessoa escondida por trás daquele rosto esticado, branco e inexpressivo; era uma imagem bizarra que, de alguma forma, criava uma desproporção no comportamento dele próprio, e eu não vi alguém ousar em tentar entender levemente alguns dos seus comportamentos. Ao contrário de hoje, que é muito conveniente que se esclareçam todos eles. Confesso que aquela imagem de MJ mostrando seu filho na sacada nunca me chocou de fato e que nunca consegui entender o processo de causa e efeito entre a gravidade daquela atitude e o espanto da imprensa. Mas claro, não era uma pessoa segurando um bebê em uma sacada, era um ET, e pior, um ET que já havia sido acusado de pedofilia. E na mente miúda de muitos formadores de opinião, a imagem de MJ era inquestionável, não importando seu passado e nada mais.
E eu me questiono. Por que a mídia, muitas vezes, se mostra incapaz de tentar compreender razões invés de denegrir pelo fato em si? É, de fato, necessário que o indivíduo morra ou que a canalhice do seu pai seja novamente constatada para se entender o quão perturbado pela sua própria história essa pessoa era? Não sou nenhum ingênuo, o fracasso de uma estrela também é tão vendável quanto o sucesso e a sua morte, mas hipocrisia e oportunismo são sempre algo a se questionar.
Não ignorando os escândalos de outrora e nem apenas usando o termo "problemas familiares" para justificar mecânica e artificialmente as várias atitudes de MJ, como a maior parte da mídia tem feito no desespero de homenagear e "honrar" a imagem do artista - porque assim é que se se deve vender quando a estrela morre -, esse curto e ótimo podcast da CBN, de forma cômica, reflete sobre a pergunta aberta pelo próprio cantor. Para ouvir clique aqui!
Bom! Parece que biografias de verdade são feitas apenas depois que o personagem já morreu. Talvez, por isso, o cantor Roberto Carlos proibiu a sua de ser lançada recentemente!