Logo no início da Lei Seca, lembro que fiquei apreensivo e receoso. Achei que era rigorosa demais e pensava nas coisas as quais seriamos privados. Mas não demorou muito até que me tocasse. O brasileiro tem forte problema cultural. Ele cresceu desacostumado a cumprir leis, cresceu praticando inocentemente ou não comportamentos anti-éticos. O brasileiro sempre se viu em situações em que tinha que buscar soluções práticas para sobreviver. A história o fez assim.
Os ex-escravos abandonados que buscavam qualquer forma pra sobreviver, os pobres que infringiam pequenas lei e que conseguiam com seus "peixes" uma vaga ou uma oportunidade de modos ilícitos, o jogador de futebol baixinho que desenvolveu seus dribles artísticos pra "furar" e passar por um inglês “altão”. Isso é o "jeitinho brasileiro", foi a nossa forma de sobreviver, a forma como aprendemos a sobreviver. Decorrente dessa nossa história, aprendemos a não cumprir leis, a ultrapassar o sinal vermelho, a furar filas, a driblar sistemas, a ser livres e a fazer um futebol bonito!!! Nada que eu já não tenha comentado por aqui.
O problema reside mesmo no campo da lei, dos nossos direitos e dos nossos deveres. Sei que nunca é bom generalizar, mas estamos falando de cultura e de hábitos. O brasileiro (quase) sempre foi infrator nas situações mais cotidianas possíveis. O pobre, se puder fazer um "gato", furar uma fila no SUS sem se preocupar com os outros que ficam pra traz ou usar uma senha para enviar mensagens de graça por celular, ele quase sempre o fará. O pobre brasileiro (a maioria) é talentoso em cumprir pequenos delitos. Já os ricos, estes possuem esse aspecto cultural potencializado pelo poder, e dessa forma, vemos políticos corruptos, empresários ambiciosos (alguns também corruptos) e granfinos ignorantes tão talentosos em cometer grandes e pequenos delitos.
Infelizmente, a maioria dos problemas do Brasil são resultados dessas anomalias culturais, dessa malandragem. E quando uma lei como essa, rigorosamente fiscalizada, mas justa, entra em prática, ficamos completamente assustados, justamente porque não estamos nada acostumados a cumprir deveres (seria pela falta de costume em ter direitos?). Percebo que leis, nas nossas mentes, não passam de alegorias e quando estas realmente funcionam, nos sentimos assim, presos e assustados.
Vejo a implantação da Lei Seca e a determinação pela qual ela está sendo executada como um novo passo na vida do brasileiro. Um momento de choque e de educação forçada que funciona sim - lembremos das leis envolvendo o cinto de segurança. Funcionou tão bem que hoje a maioria esmagadora da população dirigi com cinto de forma habitual. Não deixa de ser uma medida paliativa. A educação pode ser bem melhor e deve ser planejada, mas essa lei surge como uma bela contribuíção para a cada vez maior inserção do brasileiro no mundo da civilização e do respeito ao próximo.
Não demorará muito para que novas formas de burlar o bafômetro sejam inventadas (se possível), técnicas, que incrivelmente a maioria utilizará. Por outro lado, o surgimento da simpática idéia do "amigo da vez" me faz pensar que estamos nos adaptando rápida e adequadamente à situação.
Sempre me admiro com certas transformações. Muitas vezes pensei que o Brasil não mudaria nunca ao ver notícias ruins que provavam insistentemente a falta de educação do brasileiro. Mas, contraditoriamente, mesmo com uma reflexão maior que ultimamente fazemos sobre nós mesmos, vejo uma instituição acreditável como a Polícia Federal e leis tão bem executadas como a Lei Seca, e simplesmente não acredito. Impressiono-me com esses pequenos aprendizados e com a existência de pessoas tão sérias por traz dessas.
A Justiça Eleitoral também tem me impressionado cada vez mais, apesar de ter achado abusiva a proibição dos comunicadores de Rádio e TV de comentarem sobre os candidatos dessas eleições. Houve uma falta de bom senso nesse ponto, mas por outro lado, entendo que a "casa" dos comunicadores precisa ser organizada, pois a ligação destes com a politicagem é triste e perigosa.
Enfim, aos poucos aprendemos. Tenho fé no meu país e na minha gente. Sim, sou otimista e apesar dos pesares, vejo excelentes e inspiradores exemplos demonstrados por alguns conterrâneos. O que mais me empolga é imaginar esse povo tão fascinante vivendo melhor e bem mais esclarecido quanto si próprio.
Os ex-escravos abandonados que buscavam qualquer forma pra sobreviver, os pobres que infringiam pequenas lei e que conseguiam com seus "peixes" uma vaga ou uma oportunidade de modos ilícitos, o jogador de futebol baixinho que desenvolveu seus dribles artísticos pra "furar" e passar por um inglês “altão”. Isso é o "jeitinho brasileiro", foi a nossa forma de sobreviver, a forma como aprendemos a sobreviver. Decorrente dessa nossa história, aprendemos a não cumprir leis, a ultrapassar o sinal vermelho, a furar filas, a driblar sistemas, a ser livres e a fazer um futebol bonito!!! Nada que eu já não tenha comentado por aqui.
O problema reside mesmo no campo da lei, dos nossos direitos e dos nossos deveres. Sei que nunca é bom generalizar, mas estamos falando de cultura e de hábitos. O brasileiro (quase) sempre foi infrator nas situações mais cotidianas possíveis. O pobre, se puder fazer um "gato", furar uma fila no SUS sem se preocupar com os outros que ficam pra traz ou usar uma senha para enviar mensagens de graça por celular, ele quase sempre o fará. O pobre brasileiro (a maioria) é talentoso em cumprir pequenos delitos. Já os ricos, estes possuem esse aspecto cultural potencializado pelo poder, e dessa forma, vemos políticos corruptos, empresários ambiciosos (alguns também corruptos) e granfinos ignorantes tão talentosos em cometer grandes e pequenos delitos.
Infelizmente, a maioria dos problemas do Brasil são resultados dessas anomalias culturais, dessa malandragem. E quando uma lei como essa, rigorosamente fiscalizada, mas justa, entra em prática, ficamos completamente assustados, justamente porque não estamos nada acostumados a cumprir deveres (seria pela falta de costume em ter direitos?). Percebo que leis, nas nossas mentes, não passam de alegorias e quando estas realmente funcionam, nos sentimos assim, presos e assustados.
Vejo a implantação da Lei Seca e a determinação pela qual ela está sendo executada como um novo passo na vida do brasileiro. Um momento de choque e de educação forçada que funciona sim - lembremos das leis envolvendo o cinto de segurança. Funcionou tão bem que hoje a maioria esmagadora da população dirigi com cinto de forma habitual. Não deixa de ser uma medida paliativa. A educação pode ser bem melhor e deve ser planejada, mas essa lei surge como uma bela contribuíção para a cada vez maior inserção do brasileiro no mundo da civilização e do respeito ao próximo.
Não demorará muito para que novas formas de burlar o bafômetro sejam inventadas (se possível), técnicas, que incrivelmente a maioria utilizará. Por outro lado, o surgimento da simpática idéia do "amigo da vez" me faz pensar que estamos nos adaptando rápida e adequadamente à situação.
Sempre me admiro com certas transformações. Muitas vezes pensei que o Brasil não mudaria nunca ao ver notícias ruins que provavam insistentemente a falta de educação do brasileiro. Mas, contraditoriamente, mesmo com uma reflexão maior que ultimamente fazemos sobre nós mesmos, vejo uma instituição acreditável como a Polícia Federal e leis tão bem executadas como a Lei Seca, e simplesmente não acredito. Impressiono-me com esses pequenos aprendizados e com a existência de pessoas tão sérias por traz dessas.
A Justiça Eleitoral também tem me impressionado cada vez mais, apesar de ter achado abusiva a proibição dos comunicadores de Rádio e TV de comentarem sobre os candidatos dessas eleições. Houve uma falta de bom senso nesse ponto, mas por outro lado, entendo que a "casa" dos comunicadores precisa ser organizada, pois a ligação destes com a politicagem é triste e perigosa.
Enfim, aos poucos aprendemos. Tenho fé no meu país e na minha gente. Sim, sou otimista e apesar dos pesares, vejo excelentes e inspiradores exemplos demonstrados por alguns conterrâneos. O que mais me empolga é imaginar esse povo tão fascinante vivendo melhor e bem mais esclarecido quanto si próprio.
7 comentários:
Bem vc ja viu no meu blog o que penso a respeito disso...e agora sei oq voce sabe sobre isso...
acho e repito, conciencia publica é o que falta, enquanto isso, adquirimos leis para manter o caus sobre controle!
tem selo la pro teu blog!
passa la:
http://blogdocleidemar.blogspot.com/
Para mim, culpar a bebida por todo essa caos no trânsito, é apenas uma forma de aliminar a possibilidade das pessoas serem retardadas.
Ei, cara! Blza! Concordo plenamente com absolutamente tudo que vc disse. Desde que essa norma jurídica passou a viger acredito que ela cumpre um papel social magnânime, vez q está o Estado incumbido de proteger o indivíduo e a coletividade, além de restringir a liberdade daquele, já que nem sempre condicionada ao bem, em prol desta. Só tenho de lamentar que parte da imprensa não ajude ao passar a imagem de que a lei é arbitrária ao invés de conribuir para um debate mais sensato acerca da mesma. Teu post me fez lembrar de uma frase do jurista alemão Rudolf von Ihering, em a Luta Pelo Direito: "Quem rasteja como um verme não pode se queixar de ser pisoteado."
Ooops, ia me esquecendo: tem um selo pra ti lah no meu blog. Parabéns!
Abração, cara!
Inté breve!
agora que tive realmente um tempo de ler seu blog, rafael, e achei muito interessante!
inclusive, vou colocar um link do seu no meu, ok?
achei realmente muito bom o jeito com o qual você expressa seu ponto de vista, meu parabéns!
abraços ^^
Rafael, boas reflexões. No Brasil, existe essa coisa de lei que "pega" e que "não pega", o que é um absurdo.
Mas, engatinhamos ainda em termos de cidadania, consciência social, respeito e assim por diante. Porém, já foi pior. Eu vivo dizendo isso e muita gente não concorda, mas o Brasil hoje, apesar de não parecer para muitos, está "bom".
Só duvido que chegará o dia que estaremos tão amadurecidos que leis como essa não serão mais necessárias. Talvez num futuro muito distante.
abs
ps1: essa imagem do Steven Seagal é impagável..haha
ps2: também escrevi sobre o Hulk e o Batman, que aliás, considero o melhor filme de 2008 até agora.
cara, relaxe!!! não ficarei xateado. mas, realmente se indiquei teu blog é pq ele me incita a pensar. qnto a questão visual, concordo contigo, mas ultimamente tô meio fascinado pela estética kitsch.
abraço forte!
Camarada Carvalhêdo, primeiro de tudo, agradeço seus comentários em meu blog.
Sempre procedentes e instigantes.
Depois: respondi a seus questionamentos.
Grande abraço.
Postar um comentário