
No entanto, o último filme que assisti não só digo que sofreu todas as alterações que acabei de comentar, mas que mesmo nessa circunstância, foi uma experiência bem interessante. Quem assistiu a Sinais?

Em Sinais (2002, EUA), somos apresentados a estória de Grahan Hess (Mel Gibson), um ex-padre que perdeu a fé após sua mulher ter morrido atropelada por um carro. Vivendo em uma fazenda em uma pequena cidade junto com os dois filhos e o irmão caçula, Granhan e sua família são surpreendidos com o surgimento de enormes sinais nas plantações, que eles descobrem ter aparecido também em várias partes do mundo, sugerindo uma intervenção alienígena na Terra. Enquanto Grahan procura entender a situação, tenta proteger a família e lidar com a perda de sua fé.

Na cena, em específico, em que Grahan Hess olha pela janela do quarto da filha
uma criatura em cima do telhado de sua casa durante a noite, logo nossa primeira intuíção de que seja uma criatura alienígena é desfeita quando os personagens deduzem de imediato que seja uma brincadeira de mal gosto dos jovens vizinhos. E essa dúvida entre o caráter alienígena ou não dos fatos sustenta boa parte do suspense, além de tornar mais convincente o conflito existente de Grahan quanto a sua fé.

E tornando mais a estória em uma experiência mais dolorosa, ainda temos que suportar a fragilidades da família de Grahan, que após ter perdido a esposa, ele e sua família vivem num constante ambiente melancólico e apático, muito bem representado pelos enquadramentos, assim como pelas atuações e expressões dos atores. E se uma invasão alienígena muito bem
relatada é algo que cria um forte suspense, quando assistimos isso pelos olhos de uma frágil e sensível família liderada por um ex-padre magoado e em conflito com a própria fé, nós, enquanto telespectadores, ficamos vulneráveis e sem um elemento de alívio para nos agarramos. Talvez o único alívio que exista seja o cômico, pois Shyamalan consegue tirar alguns momentos engraçados da própria manifestação de medo das personagens.

Quanto ao suspense, Sinais não falha e vai longe até na trilha sonora. No entanto, o filme, que mostra uma invasão alienígena pelo olhar de uma família em pesar, foi bastante criticado em suas conclusões. Depois que Grahan perdeu sua mulher em um acidente de carro, ele abandona a própria fé; vemos então, em boa parte do filme, argumentos que se opõem ao dogmatismo, e a própria existencia alienígena é algo que, quando comprovada, por si só desfaz os argumentos religiosos. Da mesma forma, a suspeita de que esteja ocorrendo uma invasão alienígena fundamenta mais ainda o ceticísmo de Grahan e nos faz pensar, enquanto telespectadores, se realmente pode existir um deus em circuntâncias contrárias àquilo que nossa religião diz. Tornando a questão um pouco mais complexa, o personagem irmão de Grahan, Merrill Hess (Joaquin Phoenix), afirma em determinado momento que tudo aquilo que ocorre possa, na verdade, ser um milagre e que a diferença dos que tem fé e os que não tem está na forma como a situação é encarada.
Enquanto o filme não nos dá respostas e trabalha o suspense da família em meio a essas questões está tudo muito bom, mas a conclusão escolhida por Shyamalan, que é o próprio roteirista de Sinais, é um tanto covarde e instaura certo alívio onde se poderia encerrar com algo que refletisse o
sentido da atitude de se ter fé. Após um suspense incrível na cena que se passa no porão da casa, ficamos sabendo que simplesmente os alienígenas foram embora, pois descobriu-se que a água era uma substância nociva às criaturas. Não sou contra anti-clímax, mas nesse caso concordo com as críticas de que faltou uma exploração maior das criaturas na estória para que elas não parecessem meros motivos para cenas de suspense, e se assim fosse feito, haveriam momentos de maior catarse que refletiriam as questões dogmatismo/ceticismo.

Mas o alívio da conclusão fica mesmo por conta da sugestão (ou mesmo afirmação) de que tudo aquilo foi uma espécie de plano, de milagre, que nada é por acaso; até uma invasão alienígena! E isso é feito como forma de comprovar ao telespectador a existência divina. Mas me digam, se a fé é algo que se sente independentemente da comprovação, ter que ao final do filme mostrar que tudo é um milagre não me parece uma mensagem de fé, pois... a fé vive sem comprovação. Pelo ao menos assim penso.
3 comentários:
ola, Rafael carvalhêdo, valeu por comentar la no blog, fique olhando lá que nos próximos dias eu vou escrever algo sobre os lençóis... esse lugar é mto lindo mesmo, tenho um quadro de lá aqui em casa... flw!!!
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abraço
Sinais eh mto baum...
levei uns sustos mas eh baum pacas..
abraços
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